Fates Entwined | 3º Capítulo: Desire To Kiss Her





Robertha 

SÉCULO XIX
 Naquele mesmo dia, mesma hora.


 Todos os dias, eu me culpo intensamente por ter deixado essa doença dominar meu corpo. Sou tão frágil, vulnerável a tantas coisas. Antes, eu não era assim. Não sentia dor, era forte.  Mas, deixei aquela doença me dominar, e hoje sou fraca. Um lixo.

—Isso é um castigo. —murmurei.
—O que? —Harry.
— Na-nada. —respondi. — Estava pensando alto demais.
—No que você estava pensando? —ele perguntou. — Não minta.
— Eu estou tão debilitada, não consigo nem retribuir um simples abraço.

Bufei, arremessando um travesseiro na parede. Odiava ser fraca. Odiava sentir dores. Me odiava. Eu só queria me sentir bem novamente, é pedir muito? 

—Robertha, eu mal te conheço, mas afirmo sem medo que você é a pessoa mais forte que já vi na vida.
—Não minta. —imitei sua fala.
—Não estou mentindo. Você é forte como um tigre, só tem que acreditar em si.
—Será?—franzi o sobrolho e lhe encarei.
—Não duvide de si mesma.

Sorrimos, suas covinhas eram lindas. Assim como o resto de seu corpo. ‘‘ Deus, o que eu fiz de tão bom pra ter um amigo assim, maravilhoso? ’’ ‘‘ Nasceu, Robertha. ’’


(...)

Para não ficarmos entediados, Harry sugeriu darmos uma volta por Londres. Sem pensar, aceitei a proposta. Precisava ver o mundo lá fora, sentir um pouco de ar puro.

—Vou me trocar. —avisei.
—Mas, você está bem assim.
—Estou de pijama. — ri fraco.

Caminhei até as enormes escadas da casa e as subi apressadamente. Entrei no quarto e abri o armário, de lá retirei a vestimenta adequada. Depois de me vestir , arrumei meus cachos, deixando-os alinhados e calcei minhas sapatilhas. Saí de meu quarto e desci as escadas, com pressa, tropeçando na maioria dos degraus. O ato fez Harry dar altas gargalhadas, e me deixou constrangida.

—Vamos, Harry?
—Sim. — ele respondeu, recuperando o folego.

Abri a porta da casa e saímos desta. O dia estava finalmente ensolarado,  mas a movimentação de Strand continuava a mesma, fraca.

—Para onde nós iremos?—perguntei.
— Conhece o Hyde Park? — balancei a cabeça negativamente. — Você irá conhece-lo hoje.

Sorri. Sempre ouvi os vizinhos comentando sobre o parque, e sempre tive de vontade de conhece-lo. Mas, vários fatos me impediam de ir. Espero que isso não aconteça hoje.

Harry segurou em meu pulso, involuntariamente estremeci. Mas, em minutos, ele quebrou o ''clima'', pois começamos a correr lado a lado até o bondinho, a sensação era ótima. Entramos no ônibus e sentamos-nos, ofegantes. Fiquei a observar a paisagem da rua enquanto Harry tentava arrumar as horas de seu relógio de pulso.  Sair daquela rotina de ''sala, cozinha, quarto'' era tão bom.




[..]


Após meia hora com o ônibus perambulando pela cidade, chegamos ao nosso encontro. Saímos do ônibus, e já pude sentir o vento gélido do inverno soprar em meu rosto. Aquele sol não duraria tanto tempo. Entramos no parque, que estava lotado. Vários adultos caminhavam por lá e as crianças brincavam com a água do rio.

Perambulando pelo parque, e conversando, me deparei com um senhor vendendo chamativos algodões doces, o que despertou-me um incontrolável desejo de come-los. Não parava de fita-los um minutos sequer, aquele doce era tão bom.

— Quer um? —  Harry apontou para o doce.
— Não tenho dinheiro para comprar. — respondi. —  Não compre um pra mim.
— Eu não tenho dinheiro. —  riu. — Mas, aquela senhora ali tem. — apontou para uma velinha, que alimentava alguns pombos.
— Não faça isto, Harry.
—  Por quê?
— É errado.
— Mas também pode ser divertido, Robertha.

(...)

Harry 

Míseros segundos pensando, e Robertha aceitou minha proposta. Ela tem que se arriscar, seria divertido. Separados, andamos lentamente até a senhora. Esta estava tão distraída alimentando os pombos com pães que não percebera nada. Robertha pegou sua bolsa e saiu rapidamente de lá, enquanto eu fingia também estar alimentando aqueles pombos com poeira. Saí disfarçadamente de lá, e fui ao encontro de Robertha. Ela já tinha o dinheiro em mãos. Sorri, ela tinha feito tudo direitinho. Caminhamos até o carrinho de algodão doce e os compramos, ela estava os comendo com os olhos. 

Mas, sem me avisar, Robertha andou até a velinha e, sem a mesma perceber, colocou sua bolsa no banco. Ela veio até mim e eu a olhei incrédulo. 

— Só queria um algodão doce, Harry, não os pertences dela. 
—Poderia ter coisas valiosas dentro daquela bolsa.
— Poderia. Deixe isto pra lá. — ela deu um leve em meu ombro. — Vamos nos sentar, eu não gosto de comer em pé.

Assenti, ainda não concordando com o tal ato. Sentamos em um banco próximo e começamos a devorar o doce. Ela o comia com tanto gosto, enquanto eu lutava para engoli-lo. 

— Por que não 'ta comendo o seu? — perguntou.

‘‘ Faço tantos doces na padaria que trabalho, que acabei me enjoando de todos. Só o cheiro me enoja ’’ Expliquei. ‘‘ Isso parece coisa de mulherzinha, Harry. ’’ Lhe dei um leve tapa na cabeça.

—Posso comer o seu, então? 
—Claro. 

Lhe entreguei o doce e, em questão de segundos, a única coisa que vi foi o palito vazio. Ela aparentava passar fome agindo dessa maneira. Aparentava.



[..]


Com a chegada da noite, decidimos ir embora do parque a pé. O céu estava iluminado, e a noite estava congelante. Os cabarés locais estavam abertos, tive uma súbita vontade de entrar em algum deles e me divertir pelo resto da noite, mas não o concretizei. Talvez, por estar acompanhado de uma dama. 

Finalmente, paramos em frente á sua casa. Robertha ficou calada o caminho inteiro, apenas assentia toda vez que eu falava algo, com certeza, ela estava passando mal. Mas resolvi não comentar. Ficamos encarando a fachada da majestosa mansão, morar ali deveria ser maravilhoso, apesar de simples. 

Abri a boca para me despedir, mas, em um movimento não calculado, ela entrelaçou sua delicada mão a minha, estremeci. Esqueci a casa e fixei meu olhar em seu rosto, ela estava sorrindo. Robertha sempre estava sorrindo. Uma súbita vontade de beijá-lá percorreu meu corpo, mas me controlei. Não queria causar mais constrangimento a ela, e nem a mim. Ficamos em silêncio por longos minutos, que foram quebrados por sua doce voz.

—Até a festa, Harry.
—Até, Robertha.

'Desentrelaçamos nossas mãos, e em pouco tempo ela já estava em sua casa. O que ela queria com aquilo? Qual era a dela? Dúvidas e mais dúvidas começaram a rodear minha cabeça. Preciso descobrir o que ela pensa sobre mim, urgente.  



Olá, directioners! Capítulo novo a vossas majestades, haha. Está pequeno, eu sei. Um pouco ruim, eu sei. Mas, foi feito de coração <3 Espero que gostem :3 

Bjo da Caah ♥ 





















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